Clássicos da Arquitetura: Centro Cultural Jabaquara / Shieh Arquitetos Associados

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Por Shieh Shueh Yau e Gustavo Neves da Rocha Filho

O objetivo do projeto era valorizar a Casa-Sede do Sítio da Ressaca. Assim, restaurado o edifício histórico e recomposta a micro-paisagem, o novo espaço é constituído por um edifício cuja implantação se fez conforme princípios de visibilidade e de valorização do monumento.

A locação do novo edifício proporcionou uma diferenciação fácil de acessos e tratamentos das áreas em relação à Casa-Sede, deixando esta numa posição de relativo isolamento, proporcionado pelo afastamento, pela pequena e artificial movimentação do terreno e pela maior naturalidade de tratamento dos pisos e da vegetação no seu entorno.

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© Fernando Stankuns

O Centro Cultural do Jabaquara desenvolve, além das atividades próprias de uma biblioteca pública, outras de cunho didático e informativo, tais como palestras e exposições, artes cênicas e música, bem como cursos livres de artesanato e culinária para a comunidade.

Memorial de Projeto [1]

Clássicos da Arquitetura: Centro Cultural Jabaquara / Shieh Arquitetos Associados - Janela, Fachada
Cortesia de Shieh Arquitetos Associados

Construída no início do séc. XVIII, a Casa-Sede do Sítio Ressaca possui certas características do partido usualmente adotado nas residências rurais da sociedade paulista vinculada às atividades bandeiristas dos séculos XVI e XVII.

Clássicos da Arquitetura: Centro Cultural Jabaquara / Shieh Arquitetos Associados - Janela
Cortesia de Shieh Arquitetos Associados

Trata-se de uma construção de taipa de pilão, de 1719, ano que se lê, entre outros sinais, na verga da porta principal e que despertou o interesse dos historiadores desde a década de 1930, quando se intensificou a ideia da necessidade da preservação do nosso patrimônio histórico e artístico.

Afonso de Escragnole Taunay, Amador Florence, Aguirra, Nuto Sant’Ana, Mario de Andrade, entre outros, o próprio Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal, depois Sebastião Pagano, José Leite Cordeiro e Tito Lívio Ferreira, sempre defenderam a sua preservação. Foi incluída nos estudos específicos de arquitetura colonial paulista feito pelos arquitetos Luis Saia, em 1941, e Júlio Roberto Katinsky, em 1972. Finalmente, foi tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado) em 19 de outubro de 1972.

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© Fernando Stankuns

Integrado no Projeto CURA/ Jabaquara, a revitalização do monumento histórico constituiu a criação de espaços abertos e fechados para a implantação no local das diferentes atividades culturais da Secretaria Municipal de Cultura, representada pelos seus cinco departamentos: o Departamento de Bibliotecas Infanto-Juvenis, o Departamento de Bibliotecas Públicas, o Departamento do Patrimônio Histórico, o Departamento de Informação e Documentação Artística e o Departamento de Teatros.

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Cortesia de Shieh Arquitetos Associados

O Centro Cultural do Jabaquara desenvolve, assim, além das atividades próprias de uma biblioteca pública, outras de cunho didático e informativo, tais como palestras e exposições, as ligadas às artes cênicas, à musica, ao teatro de bonecos, à projeção de filmes e slides, às ligadas ao ensino das artes plásticas e à fotografia, bem como cursos de culinária, artesanato e outros dedicados à comunidade de bairro.

Clássicos da Arquitetura: Centro Cultural Jabaquara / Shieh Arquitetos Associados - Corrimão, Jardim
© Fernando Stankuns

Foi, pois, objetivo do projeto a valorização da Casa-Sede do Sítio da Ressaca dentro dos seguintes enfoques concomitantes:

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© Fernando Stankuns

  • o primeiro, visando o restauro do edifício histórico, no intuito de restituir-lhe seu valor arquitetônico camuflado por sucessivas reformas;
  • o segundo, propondo o tratamento adequado da área envoltória;
  • o terceiro, criando um espaço novo para as diferentes atividades culturais da Secretaria Municipal de Cultura junto à comunidade.

Na formulação da proposta, foi fundamental a análise dos seguintes aspectos: as exíguas dimensões do edifício histórico, a topografia acidentada do terreno, a escassez de equipamentos ligados à cultura na região, o alcance limitado de um pequeno museu histórico e a possibilidade de se criar uma futura identificação cultural na paisagem urbana local.

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Cortesia de Shieh Arquitetos Associados

Restaurando o edifício histórico segundo os princípios da Carta de Atenas e recomposta a micro-paisagem, com o reaterro parcial da colina onde se implantou a casa bandeirista, o espaço novo é constituído por um edifício com as seguintes características: sua implantação se fez conforme princípios de visibilidade e de valorização do monumento. A sua locação proporcionou uma diferenciação fácil de acessos e tratamentos das áreas em relação à Casa-Sede, deixando esta numa posição de relativo isolamento, proporcionado pelo afastamento, pela pequena e artificial movimentação do terreno e pela maior naturalidade de tratamento dos pisos e da vegetação no seu entorno.

Sendo a cota do piso principal aproximadamente igual à do piso da casa monumental e a cota da cobertura do edifício aproximadamente igual à da cumeeira da casa, foi evitado com confronto entre os dois edifícios.

Esta implantação atende, ainda, a uma das premissas iniciais de se obter uma implantação análoga à do monumento: à meia encosta, dominando visualmente o vale e com a vantagem de incluir em seu domínio visual o próprio monumento.

Finalmente, topografia desta parte do terreno mostrou-se bastante adequada para que o pavimento superior, o da biblioteca, tivesse também ampla ligação com o terreno.

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© Fernando Stankuns

Apesar da área resultante das existências do programa, o fato de uma parte do pavimento térreo ser subterrâneo permitiu que o prédio pareça ter apenas um pavimento, evitando um confronto com as modestas dimensões da Casa-Sede. Na verdade, o edifício terá três pisos úteis, se contarmos o terraço sobre a laje da cobertura.

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Cortesia de Shieh Arquitetos Associados

As vistas do centro cultural sobre a Casa-Sede tornam-se muito importantes, considerando que se propõe entre os diversos usos do centro cultural o estudo do monumento e da sua época.

O edifício permite três alternativas de acesso, ou seja, é possível atingi-lo por qualquer dos três pisos. O primeiro que podemos considerar como principal, é o do pavimento térreo, onde fica a portaria. O segundo entra-se no nível do pavimento do superior. Neste pavimento, o hall da biblioteca prolonga-se por um terraço longitudinal externo, paralelo à biblioteca e que está ligado ao terreno a mesma cota do monumento.

Finalmente, é possível atingir o edifício pelo terraço da cobertura. Este terraço é ligado ao terreno a montante por uma passarela. Este acesso destina-se a receber o visitante metropolitano. Por esse motivo, este pavimento enfatiza suas funções de mirante, proporcionando amplas visuais sobre o monumento.

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Cortesia de Shieh Arquitetos Associados

Os três pisos são interligados por uma escada externa que os integra e que permite que o edifício seja usado como ligação para o indivíduo que venha da Avenida do Contorno em direção ao fundo do vale, através da Rua 1. [2]

Servindo como circulação, sendo dotado de jardins, bancos, áreas de lazer e mirante, o terreno sobre a cobertura faz com que o edifício devolva ao terreno a área que ocupa.

Notas:

[1] Memorial justificativo elaborado pelos arquitetos à época do projeto, publicado originalmente na revista Módulo
[2] Nomes da rua à epoca

Jardim Oriental, Brasil

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Localização do Projeto

Endereço:R. Arsênio Tavolieri, 45 - Jardim Oriental, São Paulo - SP, 04321-030, Brasil

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Sobre este escritório
Cita: Shieh Shueh Yau e Gustavo Neves da Rocha Filho. "Clássicos da Arquitetura: Centro Cultural Jabaquara / Shieh Arquitetos Associados" 01 Mai 2017. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/870322/classicos-da-arquitetura-centro-cultural-jabaquara-shieh-arquitetos-associados> ISSN 0719-8906

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